Nesta segunda-feira (19/09), a Procuradoria Geral da RepĂșblica (PGR) enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma manifestação na qual pede o arquivamento do inquérito que apura se o presidente Jair Bolsonaro (PL) interferiu politicamente na PolĂcia Federal (PF).
No documento, a vice-procuradora-geral da RepĂșblica, Lindôra AraĂșjo, afirmou que "diante da atual falta de perspectiva de obtenção de novos elementos que autorizem conclusão diversa, é forçoso reconhecer a ausĂȘncia de elementos mĂnimos de convicção capazes de justificar o oferecimento de denĂșncia, estando ausente a justa causa para a deflagração de ação penal".
Para a vice-PGR, nenhuma das investigações desenvolvidas pela PF e identificadas como potencialmente de interesse do Presidente da RepĂșblica apurou crime de constituição de organização criminosa.
"Os fatos foram exaustivamente apreciados e deles não se extrai lastro probatório mĂnimo quanto a possĂveis materialidades e autorias delitivas. Também não foi identificado nenhum elemento mĂnimo de que o mandatĂĄrio tenha impedido ou embaraçado qualquer investigação que envolva organização criminosa, o que demonstra a falta de justa causa para a hipótese criminal em questão", afirmou.
A vice-PGR disse ainda que discordâncias polĂticas não podem, por si só, corresponder à criminalização de condutas.
"Em outras palavras, os antagonismos que despontam da condução da gestão estatal, de nĂtidos contornos polĂticos, não podem ser transferidos da arena governamental para a penal sem que existam indĂcios efetivos da ocorrĂȘncia de prĂĄticas ilĂcitas sob a perspectiva criminal. O Direito Penal não socorre divergĂȘncias polĂtico-ideológicas, demandando certezas acima de quaisquer dĂșvidas razoĂĄveis quanto a atos jurĂdicos graves, que preencham todas as elementares dos tipos incriminadores".
Em março, a PF concluiu a investigação dizendo que Bolsonaro não cometeu crime e que o próprio Sergio Moro "declarou não haver qualquer pedido de informações ou ingerĂȘncia por parte do Presidente da RepĂșblica em investigações conduzidas pela PF".
Segundo a PF, não hĂĄ "elementos indiciĂĄrios mĂnimos" de crime na troca feita por Bolsonaro no comando da PF.