Nesta quinta-feira (15/02), a presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann (PR), disse ser "estarrecedor" que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) queira convocar um ato em defesa da democracia.
De acordo com a petista, ele "nunca respeitou" e tentou "abolir" o regime democrática em uma suposta tentativa "fracassada" de golpe de Estado.
Bolsonaro convidou seus apoiadores para um ato em defesa da democracia no dia 25 de fevereiro, o último domingo do mês, às 15 horas na Avenida Paulista, em São Paulo, para se defender de "todas as acusações" que têm sofrido nos últimos meses.
"É estarrecedor ver Bolsonaro convocar um ato "em defesa do estado democrático de direito" que ele nunca respeitou e tentou abolir em sua fracassada tentativa de golpe! E é chocante ver a mídia normalizar esse chamado e o próprio ato, tratando como coisa normal. Sem conotação crítica.
Direito de defesa deve ser garantido a todos; e Bolsonaro terá oportunidade de exercê-lo, em condições que foram negadas a outros na história recente. Mas não há nada de normal quando a democracia e liberdade de expressão são invocadas pela boca de quem quis destruí-las, de quem atentou contra esse mesmo Estado Democrático de Direito que agora invoca.
Vamos lembrar quem é Bolsonaro:
. Sempre defendeu a ditadura, a tortura e os torturadores;
. Seu primeiro ato na presidência extinguiu os mecanismos de participação social nas políticas públicas;
. Seus primeiros decretos visaram a armar, municiar e incentivar bandos fascistas e de milicianos;
. Montou um gabinete do ódio no Planalto para disseminar mentiras e ameaças contra todo e qualquer adversário;
. Montou uma Abin Paralela para espionar adversários e até ministros de Tribunais Superiores;
. Usou o Sete de Setembro para ameaçar as instituições e ofender ministros do Supremo;
. Ameaçou fechar o STF ("basta um cabo e um soldado", na voz de um de seus filhos e cúmplices);
. Convocou desfile de tropas em Brasília para intimidar a Câmara no dia da votação do projeto do voto impresso;
. Tentou desacreditar o sistema eleitoral, inclusive diante do corpo diplomático, atacando a urna eletrônica;
. Faltando três meses para as eleições presidenciais, com pesquisas prevendo sua derrota, reuniu o ministério para cobrar ação contra o adversário, a Justiça Eleitoral e o STF;
. Na mesma reunião, tratou de espionagem de campanhas, "virada de mesa" e medidas para impedir a eleição de Lula;
. Derrotado nas urnas, não reconheceu a vitória do adversário nem a legitimidade do processo eleitoral; tentou de todas as formas encontrar fraudes inexistentes;
. Incentivou ocupações de rodovias e acampamentos diante de quartéis, financiados clandestinamente e tolerados por comandantes militares; de onde partiram a baderna de 12 de dezembro, dia da diplomação de Lula, e o atentado a bomba contra o aeroporto de Brasília na véspera do Natal;
. Preparou um decreto ilegal de estado de sítio, prevendo a prisão do presidente do TSE, que manteve sob monitoramento clandestino, e a anulação das eleições;
. Conspirou com chefes militares e comandantes de tropas especiais na preparação de um golpe para impedir a posse de Lula e manter-se no poder;
. Fugiu do país, levando joias roubadas ao patrimônio público, e assistiu de camarote os atentados de 8 de janeiro, financiados organizados por seus apoiadores civis e militares.
É esse chefe terrorista que agora invoca, em seu exclusivo benefício, o estado de direito e a liberdade de expressão e manifestação que tentou, reiteradas vezes, destruir. É esse fascista que agora quer vestir o manto da democracia para mais uma vez atacá-la.
Esse ato na Paulista não será, certamente, para que ele se defenda dos crimes que praticou, e nem pode ser visto como liberdade de expressão. É mais uma tentativa de se contrapor ao devido processo legal, já que as provas contra ele e sua turma não param de aparecer. Será para seguir ameaçando as instituições e os adversários, que ele trata de inimigos. Será para mentir ainda mais sobre suas próprias mentiras.
Nem Bolsonaro nem sua absurda convocação podem ser normalizados pela cobertura da mídia, sob o risco de normalizar a mentira, o desrespeito à lei e às instituições, a barbárie. Não há legitimidade nesse ato. Ele é contra a Constituição! O Brasil superou recentemente uma tentativa de golpe e sabemos bem o risco que corremos. Não podemos flertar com o perigo".