Em texto opinativo publicado nesta segunda-feira (18/03), o jornal O Estado de São Paulo observou que o governo Lula (PT) tem "minimizado" a "notável corrosão na popularidade" do chefe do Executivo e está "convicto de que os números da popularidade não representam a realidade do governo". O periódico aponta que o ministro da Casa Civil, Rui Costa, prefere acreditar que é um mero problema de comunicação com o povo, e analisa que "questão de fé, por definição, não se discute".
"Segundo a parolagem petista, o atual mandato do demiurgo só tem produzido boas notícias; o problema estaria na percepção popular, ruim porque o governo não conseguiu fazer suas "informações corretas" chegarem às redes. Em outras palavras, a piora não teria se dado em razão dos fatos", diz o texto.
O jornal, contudo, destaca que a equipe de comunicação atua em "última instância" como mediação com os cidadãos, e que não há "estratégia genial o suficiente para consertar o defeito de origem". Isso é, o fato de que "Lula fala e faz o que quer, como quer e para quem quer".
"Ao aderir à tese, o ministro reforça a máxima segundo a qual a comunicação é o "mordomo" das crises dos governos, isto é, aquele sobre o qual habitualmente recai a culpa, ainda que seja necessário reconhecer as deficiências da comunicação lulopetista, em que imperam a falta de conhecimento sobre as exigências do ambiente digital, as falhas improvisadas ou bem pensadas do grande líder e a pajelança palaciana, incapaz de achar uma voz crítica que dissuada, divirja, aponte ao presidente as armadilhas das bombas que solta. Ao contrário, não falta quem surja para dobrar a aposta e justificar as lambanças do companheiro-em-chefe, como ocorreu no trágico episódio da comparação do conflito de Israel com o Hamas ao Holocausto", pontua.
O Estadão termina frisando que um bom marketing político, bons canais ou qualquer outra artimanha não serão capazes de substituir o que apenas um "bom produto pode suprir".
"O governo Lula tem se mostrado um produto que passou do prazo de validade, concebido para as afinidades tribais, não para um país complexo e uma população diversa e com expectativas de mudança real em suas condições de vida ( ), o que Lula, ocupado demais consigo mesmo e com seus devaneios, parece desconhecer. O ministro pode não enxergar, mas o culpado pelos problemas de comunicação está no gabinete presidencial, a poucos metros do seu", assinala o periódico.