Haddad destacou ainda que o mercado financeiro previa um déficit de 0,8% do Produto Interno Bruto (PIB) nas contas públicas, enquanto o governo projeta um rombo menor, de 0,25% do PIB para este ano.
"O mercado também tem de fazer uma releitura do que o governo está fazendo. Nem em crescimento e em déficit o mercado acertou", acrescentou o ministro.
Na última sexta-feira (22/11), o governo divulgou a projeção de um déficit primário de 0,25% do PIB, desconsiderando gastos fora do arcabouço fiscal, como créditos extraordinários para a reconstrução do Rio Grande do Sul, combate a incêndios florestais e pagamento de precatórios. Quando essas despesas são incluídas, a estimativa do déficit primário para este ano sobe para R$ 65,3 bilhões, o equivalente a 0,57% do PIB. O déficit primário efetivo, que incorpora os gastos fora do arcabouço fiscal, é considerado no cálculo do endividamento do governo, sendo a dívida pública bruta do governo geral o principal indicador usado para avaliar a solvência do país em comparações internacionais.
Devido a um compromisso com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e líderes partidários, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deixou uma entrevista por volta das 9h40. Ele foi substituído pelo secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, que tentou tranquilizar o mercado financeiro. Durigan afirmou que a proposta de isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais será integralmente compensada pela elevação de impostos para quem recebe mais de R$ 50 mil mensais. Segundo o secretário, o governo não apresentaria a medida se ela não fosse viável do ponto de vista da compensação fiscal e reforçou que nenhuma medida será aprovada sem que tenha uma compensação adequada.
Mais cedo, Haddad destacou que a reforma do Imposto de Renda foi elaborada com base em cálculos desenvolvidos pela Receita Federal ao longo de anos. Para reduzir tensões com o mercado, Durigan informou que o governo decidiu incluir o novo Vale Gás e o programa Pé-de-Meia no arcabouço fiscal. Ambos os programas enfrentam críticas por operarem como subsídios fora do Orçamento Federal e do limite de gastos imposto pelas novas regras fiscais, o que pode gerar questionamentos pelo Tribunal de Contas da União (TCU).