Na manhã desta segunda-feira (18/12), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou e discurso durante posse do procurador Paulo Gonet como procurador-geral da República (PGR).
Lula criticou durante o discurso o que chamou de "acusações levianas" e disse que o Ministério Público (MP) "não pode achar que todo político é corrupto".
O petista afirmou, ao comentar sobre a atuação do MP, que "muitas vezes se destrói uma pessoa antes de dar a ela a chance de se defender".
"A única coisa que eu peço a você, em nome do que você representará daqui pra frente na história do país, é que você só tenha uma preocupação: fazer com que a verdade, e somente a verdade, prevaleça acima de quaisquer outros interesses. Trabalhe com aquilo que o povo espera do MP. As acusações levianas não fortalecem a democracia, não fortalecem as instituições", afirmou Lula.
O petista defendeu ainda que não se pode "permitir que nenhuma denúncia seja publicizada antes de se saber se é verdade, porque senão as pessoas serão condenadas previamente".
"Muita gente não tem condições sequer de ser absolvida", disse o presidente petista.
"E, quando as pessoas são provadas inocentes, essas pessoas não são reconhecidas publicamente. Então, é importante que o MP recupere aquilo que foi razão pela qual os constituintes enalteceram o MP: garantir a liberdade, democracia, a verdade", afirmou Lula.
Ele ainda disse que se criou um conceito na sociedade que "qualquer denúncia contra qualquer político já parte do pressuposto de que é verdadeira. E nem sempre é".
"Eu prezo muito por isso. Houve um momento em que aqui neste país as denúncias das manchetes de jornais falaram mais alto do que os autos dos processos. Muitas vezes. E, quando isso acontece, se negando a política, o que vem depois é sempre pior do que a política. Não existe a possibilidade de o MP achar que todo político é corrupto", afirmou Lula.
"E se a gente quiser evitar aventuras neste país como a que aconteceu dia 8 de janeiro deste ano, se a gente quiser consagrar o processo democrático como o regime político mais extraordinário que o ser humano conseguiu inventar, o MP precisa jogar o jogo de verdade. E aí, na tua pessoa, que eu depois de conversar com muitos procuradores, cheguei à conclusão de que deveria depositar a confiança do povo brasileiro", disse o petista.
O presidente ainda disse que "nenhum procurador tem direito de brincar" com a PGR e que o órgão "não pode se submeter a um presidente da República, ao presidente da Câmara, ao presidente do Senado, não pode se submeter aos presidentes de outros poderes, mas não pode se submeter à manchete de nenhum jornal ou de um canal de televisão".
Lula também garantiu que não exercerá influência sobre a PGR: "Da minha parte, eu quero te dizer publicamente: nunca lhe pedirei um favor pessoal, nunca exercerei sobre o Ministério Público qualquer pressão pessoal para que alguma coisa não seja investigada".
"A única coisa que te peço: não faça o Ministério Público se diminuir diante da expectativa de 200 milhões de brasileiros que acreditam nesta instituição. Seja o mais sério possível, o mais honesto possível, o mais duro possível, mas, ao mesmo tempo, o mais justo possível com a sociedade brasileira", completou Lula.