Entre janeiro e novembro de 2024, a área queimada no Brasil quase dobrou em relação ao mesmo período de 2023. Os dados divulgados hoje (16/12) são do Monitor do Fogo, uma ferramenta desenvolvida pelo MapBiomas, uma rede colaborativa que envolve universidades, ONGs e empresas de tecnologia focada no monitoramento da cobertura e uso da terra no país.
De acordo com o levantamento, no período foram queimados 29,7 milhões de hectares, o que representa um aumento de 90% em comparação com 2023, sendo a maior área queimada dos últimos seis anos. Essa diferença, de 14 milhões de hectares, é equivalente ao tamanho do estado do Amapá.
A coordenadora do Monitor do Fogo, Ane Alencar, afirmou que o aumento desproporcional da área queimada em 2024, especialmente nas florestas, destaca a urgência de um controle mais rigoroso sobre o uso do fogo e a necessidade de reduzir o desmatamento. "Precisamos reduzir e controlar o uso do fogo, principalmente em anos em que as condições climáticas são extremas e podem transformar o que seria uma pequena queimada em um grande incêndio", explicou.
Os dados indicam que 57% da área queimada entre janeiro e novembro foi na Amazônia, onde 16,9 milhões de hectares foram afetados pelo fogo, incluindo 7,6 milhões de hectares de florestas, tanto de terra firme quanto alagáveis. Na região, as queimadas em pastagens somaram 5,59 milhões de hectares. O Cerrado foi o segundo bioma mais impactado, com 9,6 milhões de hectares queimados, sendo 85% desse total em vegetação nativa, o que representa um aumento de 47% em relação à média dos últimos cinco anos.
No Pantanal, a área queimada também aumentou, chegando a 1,9 milhão de hectares, o que significa um crescimento de 68% em relação à média dos últimos cinco anos. No total, a área queimada nos outros biomas do Brasil de janeiro a novembro foi de 1 milhão de hectares na Mata Atlântica, 3,3 mil hectares no Pampa e 297 mil hectares na Caatinga, que teve uma redução de 49% em relação a 2023, com 82% das queimadas concentradas em formações savânicas.
O estado do Pará foi o que mais sofreu com as queimadas, registrando 6,97 milhões de hectares queimados, o que representa 23% de toda a área destruída no país e 41% da área afetada na Amazônia. Em seguida, estão Mato Grosso, com 6,8 milhões de hectares queimados, e Tocantins, com 2,7 milhões de hectares. Esses três estados juntos somam 56% da área queimada no Brasil no período.
São Félix do Xingu (PA) e Corumbá (MS) foram os municípios com as maiores áreas queimadas entre janeiro e novembro de 2024, com 1,47 milhão de hectares e 837 mil hectares, respectivamente.
Os dados também indicam que, em todo o país, 73% da área queimada foi em vegetação nativa, com 25% em florestas e 21% em pastagens. Entre os meses de janeiro e novembro de 2024, o total de áreas queimadas foi de 2,2 milhões de hectares, o equivalente ao estado de Sergipe. A maior parte das queimadas em novembro ocorreu na Amazônia, com 1,8 milhão de hectares, sendo que 48% dessa área estava no Pará.
O mês de novembro também registrou grandes concentrações de queimadas no Cerrado e Pantanal, com 237 mil e 98 mil hectares queimados, respectivamente. A Mata Atlântica, por sua vez, teve 12,5 mil hectares queimados no mesmo período.
Gazeta Brasil